
A endometriose é uma condição ginecológica crônica que afeta milhões de mulheres em todo o mundo, caracterizada pelo crescimento de tecido semelhante ao endométrio fora do útero. Essa doença pode provocar sintomas debilitantes, como dor pélvica crônica, dismenorreia (cólicas menstruais intensas) e dispareunia (dor durante as relações sexuais), impactando significativamente a qualidade de vida das pacientes. Nesse contexto, a fisioterapia pélvica surge como uma abordagem terapêutica eficaz para aliviar a dor e restaurar a funcionalidade do assoalho pélvico.
A fisioterapia pélvica engloba uma variedade de técnicas destinadas a tratar disfunções dos músculos do assoalho pélvico, que frequentemente estão tensionados ou enfraquecidos em mulheres com endometriose. Intervenções como a cinesioterapia (exercícios terapêuticos) têm demonstrado resultados positivos na redução da dor pélvica e na melhoria da função muscular. Estudos indicam que essas técnicas podem diminuir significativamente a dor e melhorar a qualidade de vida das pacientes.
Além disso, a terapia manual, incluindo a liberação miofascial e a mobilização visceral, é utilizada para aliviar aderências e tensões nos tecidos pélvicos, promovendo maior mobilidade e redução da dor. A reeducação postural também é incorporada para corrigir desequilíbrios musculares e posturais que podem contribuir para os sintomas dolorosos da endometriose.
A integração da fisioterapia pélvica no tratamento multidisciplinar da endometriose é fundamental. Trabalhando em conjunto com ginecologistas, coloproctologistas e outros profissionais de saúde, o fisioterapeuta pélvico contribui para uma abordagem holística, visando não apenas o alívio da dor, mas também a melhoria da função sexual, urinária e intestinal das pacientes. Essa colaboração interdisciplinar é essencial para oferecer um cuidado abrangente e personalizado.
É importante ressaltar que o tratamento fisioterapêutico deve ser individualizado, considerando as particularidades de cada paciente. A avaliação detalhada realizada pelo fisioterapeuta pélvico permite identificar as disfunções específicas e elaborar um plano terapêutico adequado, com o objetivo de restaurar a função muscular, aliviar a dor e melhorar a qualidade de vida.
Em suma, a fisioterapia pélvica desempenha um papel crucial no manejo da endometriose, oferecendo estratégias eficazes para o controle da dor e a reabilitação funcional. Através de técnicas especializadas e de uma abordagem integrada, é possível proporcionar às pacientes uma significativa melhora em seu bem-estar e qualidade de vida.
Referências
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