
A fisioterapia pélvica desempenha um papel essencial na jornada de pacientes com endometriose que passam por cirurgia. Antes da operação, um dos principais objetivos do tratamento fisioterapêutico é reduzir as tensões musculares do assoalho pélvico, melhorando a mobilidade da região e preparando o corpo para um pós-operatório mais tranquilo. Muitas pacientes com endometriose apresentam um padrão de contração muscular involuntária e disfunções associadas, o que pode piorar os sintomas no pós-operatório. Técnicas como a liberação miofascial e o relaxamento guiado ajudam a minimizar essas tensões, promovendo um melhor fluxo sanguíneo e facilitando a recuperação. Além disso, a fisioterapia pré-operatória contribui para a educação da paciente sobre o procedimento e suas possíveis implicações, proporcionando maior controle sobre sua própria reabilitação.
No pós-operatório, a fisioterapia pélvica é fundamental para minimizar complicações, especialmente no que diz respeito à formação de aderências e à recuperação da mobilidade pélvica. As aderências são tecidos fibrosos que se formam após a cirurgia e podem causar dor e limitação funcional. Estratégias de mobilização precoce, exercícios específicos e técnicas manuais auxiliam na prevenção dessas aderências, promovendo um processo de cicatrização mais eficiente. Estudos mostram que pacientes que realizam fisioterapia pélvica no pós-operatório têm menos dor e uma recuperação mais rápida em comparação com aquelas que não recebem esse suporte.
Outro ponto relevante é a restauração das funções intestinais e urinárias. A endometriose pode afetar diretamente esses sistemas, e a cirurgia, dependendo da extensão das lesões removidas, pode agravar temporariamente essas disfunções. A fisioterapia atua na reeducação do assoalho pélvico, ajudando a paciente a recuperar o controle sobre os músculos envolvidos na evacuação e na micção. Técnicas de biofeedback, exercícios específicos para a musculatura perineal e estratégias de relaxamento são fundamentais para essa reabilitação. Dessa forma, evita-se o desenvolvimento de sintomas como incontinência urinária, dificuldade para evacuar ou constipação pós-cirúrgica.
A abordagem multidisciplinar no tratamento da endometriose é indispensável para garantir uma recuperação completa. O trabalho conjunto entre ginecologistas, coloproctologistas, fisioterapeutas e nutricionistas permite que cada aspecto da saúde da paciente seja considerado no plano de tratamento. No Instituto EndoElite, a fisioterapia pélvica é integrada a essa abordagem, oferecendo suporte contínuo às pacientes desde o pré-operatório até a recuperação final. Esse modelo de atendimento garante não apenas a melhora dos sintomas físicos, mas também um acompanhamento humanizado, fundamental para a adaptação da paciente às mudanças impostas pela cirurgia.
Cada paciente apresenta um quadro único de endometriose, tornando essencial a personalização do tratamento fisioterapêutico. A avaliação individualizada permite que as estratégias sejam ajustadas conforme as necessidades específicas de cada mulher, levando em conta fatores como o nível de dor, a presença de aderências e o impacto da doença no funcionamento do organismo. O sucesso do tratamento depende dessa personalização, aliada à continuidade do acompanhamento após a cirurgia.
A fisioterapia pélvica é, portanto, uma peça-chave na preparação e na recuperação de pacientes que enfrentam a cirurgia para endometriose. Além de minimizar complicações, ela possibilita uma recuperação mais rápida e confortável, permitindo que a paciente retome sua rotina com mais qualidade de vida. A inclusão desse tratamento no manejo da endometriose é respaldada por evidências científicas, destacando sua importância no controle da dor, na melhora da mobilidade e na restauração das funções pélvicas.
Referências
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